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Você já ouviu falar da micose fungoide?


Cogumelos crescendo numa árvore
Fungo na árvore

A micose fungoide é uma doença dermatológica incomum. Ela se refere a um tipo específico de linfoma cutâneo de células T, portanto, trata-se de uma doença neoplásica. A síndrome de Sézary é uma condição relacionada na qual ocorre a circulação de células T no sangue e eritroderma (uma aparência da pele toda avermelhada). Embora o nome sugira uma infecção fúngica, ela nada tem a ver com isso. A doença fica geralmente limitada a pele, podendo alguns casos apresentar acometimento de fígado, baço e trato gastrointestinal.


O nome surgiu devido a aparência de algumas lesões com um cogumelo (por isso, "fungoide"). Hoje sabemos que a apresentação clínica dessa doença é muito variável e, muitas vezes, inocente.


Quais são os sintomas de micose fungoide?

A micose fungoide aparece como placas, manchas e nódulos no corpo. As lesões são pruriginosas - isto é, coçam. Qualquer área do corpo pode ser afetada. Lesões exofíticas (isto é, que crescem para fora do corpo) podem se parecer com um bolor ou um cogumelo - por isso o nome "fungoide". Apenas alguns pacientes apresentarão essas lesões mais peculiares da doença. A micose fungoide é uma condição rara e muitos dos achados associados à doença são inespecíficos (isto é, não têm características que indiquem o diagnóstico, mesmo para o médico experiente). Desta forma, demoras no diagnóstico são comuns.


Como é feito o diagnóstico da micose fungoide?

Na prática dermatológica, lesões suspeitas são biopsiadas e enviadas para exame anátomo-patológico (isto é, um pedaço da lesão é removido cirurgicamente e enviado para análise no microscópio pelo médico patologista). O diagnóstico da micose fungoide é feito através da biópsia. A grande dificuldade em obter o diagnóstico de forma rápida é que biópsias não-diagnósticas são comuns. Vários pacientes vão receber o diagnóstico apenas depois de terem consultado vários especialistas e feito várias biópsias.


Como é o tratamento da micose fungoide?

É essencial fazer o estadiamento da micose fungoide antes de se indicar um tratamento. O estadiamento se refere a uma classificação da doença para aquele paciente específico considerando achados da biópsia, aparência e tamanho da lesão, acometimento de linfonodos e disseminação sistêmica da doença.


Casos mais leves são tratados com terapias direcionadas a pele (tretinoína, corticosteroides e fototerapia). Casos avançados podem demandar radioterapia, quimioterapia e imunobiológicos. A escolha de tratamento pode ser muito dependente da disponibilidade local de recursos e da opinião do especialista que está avaliando aquele caso específico. Tratamentos tópicos podem ser indicados para lesões menores. Esse tratamento é prático quando a doença acomete apenas uma área do corpo, porém pode se tornar trabalhoso e até impraticável para lesões que acometem uma superfície corpórea grande. A fototerapia se refere à exposição de radiação ultravioleta através de lâmpadas artificiais sobre a área a ser tratada, que pode variar do dorso de uma mão ao corpo todo. Embora este tratamento demande várias visitas a uma clínica, é um tratamento barato e as visitas são rápidas. Uma sessão de fototerapia dura poucos minutos mesmo que seja tratado o corpo inteiro.


Qual é o prognóstico da doença?

A micose fungoide é considerada uma doença indolente. Várias pessoas vivem sem um diagnóstico por anos sem sofrer de maiores complicações. De qualquer forma, é uma doença neoplástica (isto é, um tipo de câncer) para o qual é mandatório acompanhamento ambulatorial com um oncologista ou um dermatologista.


Muitas pessoas que vivem com micose fungoide irão morrer de outras causas (doença cardiovascular, infecções respiratórias, etc). Nestas, a doença segue um curso imprevisível de melhoras e pioras da doença, que permanece localizada na pele. Os fatores prognósticos não estão bem definidos, por não se tratar de uma doença comum - desta forma, há menor interesse acadêmico e é difícil de juntar pacientes para avaliar em estudos. Sabe-se que pessoas com lesões cutâneas maiores têm um prognóstico pior, enquanto pessoas mais jovens tendem a ter um prognóstico melhor.


Consulte um médico se precisar de diagnóstico e tratamento de doenças dermatológicas.


Att,

Dr. Rafael Muller de Carvalho

Médico CRM-SP 218482

Pirassununga - SP

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